– Não estou a perceber o que me dizes…
– É natural, só agora começo a perceber o que te estou a dizer.
– Mas, naquele dia, vieste ter comigo, a pedir conselhos. Disseste que não sabias o que querias fazer, que estavas com medo de não conseguir, e a perguntar-me o que faria no teu lugar.
– E realmente disseste-me para fazer aquilo. Explicas-te-me o que era melhor. Disseste que da tua experiência era o que deveria fazer.
– Sim! E mesmo assim, não conseguiste. E fui te dizendo como poderias resolver as coisas e ultrapassar o teu problema. Estavas a sofrer tanto.
– Sim, foram tempos difíceis. Mas agora venho aqui agradecer-te a ajuda e os conselhos e dizer que não mais preciso deles. Aliás não precisei nunca. Apenas estava convencido que não conseguia resolver por mim. E como queria colo, deste-me colo.
– Não estou a perceber, mas não te ajudei? Não estás melhor agora assim?
– Não é isso o importante. Apenas vim partilhar contigo o que descobri e agradecer-te.
– Agradecer?
– Sim, porque agora percebi que afinal não preciso que me digas o que fazer, mesmo que penses que isso me ajuda (porque não ajuda), preciso apenas do teu sorriso e da tua confiança em saberes que farei sempre o melhor que souber e conseguir.
– Como? Queres que acredite em ti? Mas tu enganas-te tantas vezes. Falhas, sofres, dispersas-te.
– Sim, pode ser realmente que sim. Mas se acreditares em mim dás-me força para encontrar o meu caminho. Se me dizes por onde ir retiras força à minha capacidade de decidir.
– …
– Já pensaste? Se calhar isso é o amor, e a amizade até. Confiar que a pessoa sabe e consegue o que é melhor para ela. E estar do lado dela, quando consegues, e quando não consegues.
por Bernardo Ramirez